Alfredo Marceneiro, um dos grandes nomes do fado do século XX, nasceu e viveu toda a sua vida em Campo de Ourique. Para o homenagear, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique encarregou a artista plástica Mariana Santos de o retratar num mural, o qual fica na Travessa de Santa Quitéria, local onde se situava a casa onde nasceu. Alfredo Rodrigo Duarte nasceu no dia 29 de Fevereiro de 1888 e viria a falecer a 26 de Junho de 1982. Tomou contacto com o fado ao assistir às cegadas de rua. Conheceu então Júlio Janota que, além de participar nas cegadas, tinha o ofício de marceneiro e arranjou-lhe emprego como seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique.
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Alfredo Duarte começou por cantar Fados nos bailes populares que frequentava, entre os 14 e os 17 anos. É nesta altura, em 1908, que faz a sua estreia na cegada do poeta Henrique Lageosa, inspirada no argumento do filme mudo O Duque de Guise, onde interpreta o papel da amante do Duque. O nome artístico Alfredo Marceneiro surge numa festa de homenagem aos cantadores Alfredo dos Santos Correeiro e José Bacalhau, como o próprio fadista conta: “Uma noite fui convidado por amigos que já me tinham ouvido cantar em paródias próprias da idade a ir ao Club Montanha (hoje Ritz). Dirigia a festa o poeta Manuel Soares e perguntou: ‘Quem é este rapazinho? Como se chama? Que ofício tem?’ Então, quando me apresentou ao público, esquecendo o meu apelido, anunciou: ‘Vai cantar a seguir o principiante Alfredo… Alfredo… Olhem não me ocorre o apelido. É Alfredo… Marceneiro…’. E ainda hoje sou o Alfredo Marceneiro”.
Alfredo Marceneiro nasceu e viveu toda a sua vida em Campo de Ourique.
As gravações discográficas da sua obra não são muitas, uma vez que não apreciava cantar senão nos locais que considerava próprios e com a presença do público. Assim, apesar de ter gravado o seu primeiro disco para a Casa Cardoso, em 1930, com os temas “Remorso” e “Natal do Criminoso”, passou logo depois a ser artista exclusivo da Valentim de Carvalho. Seguiram-se apenas quatro LP’s e três EP’s, o último, “Fabuloso Marceneiro”, gravado aos 70 anos.
Apesar da sua fama e sucesso crescente, mantém a profissão de marceneiro até à década de 1930 nas oficinas de Diamantino Tojal e, posteriormente, nas Construções Navais do Arsenal do Alfeite, que depois passaram a ser administradas pela C.U.F.. Só em 1946 se dedica exclusivamente ao Fado como profissional, conservando no entanto em casa o banco de marceneiro e as ferramentas com que se entretinha a fazer pequenos trabalhos, um dos quais “A Casa da Mariquinhas”, obra que merece especial relevo pelo cariz emblemático que assume para a própria História do Fado de Lisboa.
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Alfredo Marceneiro reforma-se em 1963, realizando-se a 25 de maio desse ano, no Teatro S. Luiz, a festa “A Madrugada do Fado – Consagração e despedida do Grande Artista Alfredo Duarte Marceneiro”. A 23 de junho de 1980, numa cerimónia realizada no Teatro São Luiz, é-lhe entregue a “Medalha de Ouro de Mérito da Cidade de Lisboa”, pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Krus Abecassis.
Postumamente foi-lhe atribuída a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, a 10 de Junho de 1984 pelo Presidente da República General Ramalho Eanes. A Câmara Municipal de Lisboa dá o seu nome a uma rua do Bairro de Chelas e, em 1991, foi comemorado o centenário do nascimento do fadista e entre outros eventos foi lançado o duplo álbum “O melhor de Alfredo Marceneiro” (EMI-Valentim de Carvalho) e foi exibido na RTP o documentário “Alfredo Marceneiro é só Fado”.
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Fonte: Museu do Fado
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